O projeto Mulheres do Café do Norte Pioneiro completa uma década de existência neste ano. Coordenado pelo IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater), ele nasceu em maio de 2013 para incentivar as mulheres cafeicultoras da região a produzirem cafés especiais, que possuem maior valor comercial do que os tradicionais.
No início de maio as famílias das cafeicultoras que integram o projeto participaram do Encontro das Mulheres do Café, em Pinhalão. Além de comemorarem as conquistas do projeto, passaram por capacitações técnicas. Estes eventos são sempre uma oportunidade para atualizá-las sobre as novidades técnicas, além de valorizar o trabalho feminino, que nos últimos anos vem conquistando um destaque impensável até alguns anos atrás.
Para Cíntia Mara Lopes de Souza, extensionista do IDR-Paraná de Pinhalão e coordenadora do projeto, a metodologia usada nesse trabalho – com reuniões técnicas e discussões sobre desenvolvimento pessoal – contribui para a nova postura das produtoras paranaenses.
“Acredito que o projeto deu visibilidade ao trabalho que as mulheres já vinham fazendo com o café. Elas conquistaram o reconhecimento da sua importância para a cafeicultura não só entre os familiares, como também junto aos segmentos que comercializam café. Algumas famílias ingressaram na produção de café de qualidade justamente a partir do projeto”, explicou.
Um resultado direto do trabalho das cafeicultoras é o sucesso em concursos de qualidade. Desde 2015 elas estão entre as principais colocadas em premiações nacionais e estaduais. Atualmente, representam 50% das inscrições do concurso Café Qualidade Paraná do Norte Pioneiro.
Além de valorizar o trabalho feminino, as premiações despertaram a atenção dos compradores. “A partir da visibilidade dos concursos, os compradores foram atraídos para a região do Norte Pioneiro. Hoje as cafeicultoras conseguem estabelecer relações comerciais mais justas com torrefadoras, cafeterias e exportadoras de café. Antes, o que se ouvia dizer era que o Paraná não tinha café de qualidade, o que mudou com as premiações dos concursos”, afirmou Cíntia.
A cada ano, ao fim da safra, as mulheres também participam do Cup das Mulheres do Café, uma premiação dirigida exclusivamente às participantes do projeto. Neste caso, são formados pequenos lotes, de 30 kg a 120 kg, apresentando ao mercado cafés com características particulares. É mais uma forma de dar destaque à produção do Norte Pioneiro. Esse empreendedorismo feminino ganhou força com o projeto – já existem 11 marcas próprias de café na região Norte Pioneiro.
AUTONOMIA – A autonomia das mulheres já ultrapassou os limites do projeto e da cafeicultura, segundo Cíntia Mara. “Hoje elas se destacam pela liderança no projeto e em outros grupos como conselhos, associações e sindicatos. Elas se comunicam melhor, conseguem liderar negociações com facilidade”, lembrou a extensionista. Cíntia acrescenta que essa postura é um reflexo da metodologia do projeto que dá confiança às mulheres, melhora sua autoestima, empodera e fortalece o grupo.
As mulheres que participam do projeto têm, em média, 3,5 hectares plantados com café. Há uma grande diversidade de plantios: de cafezais antigos a outros que foram recuperados ou renovados. Em todas as etapas elas contam com a assistência técnica dos extensionistas do IDR-Paraná, que acompanham as propriedades com visitas individuais periódicas para tratar de assuntos como adubação, controle de pragas e doenças, pré-colheita e colheita do café.
Também participam de reuniões do grupo a cada dois meses. Treze extensionistas, entre agrônomos e técnicos agrícolas, dão o suporte técnico. Além disso, quatro extensionistas da área social acompanham as produtoras para que possam participar do trabalho de desenvolvimento pessoal.
Em 2019, as cafeicultoras formalizaram a criação da Associação das Mulheres do Café do Norte Pioneiro (Amucafé), que conta com 100 associadas. A instituição já recebeu menção honrosa da Assembleia Legislativa do Paraná pelo trabalho que desenvolve e vem divulgando a imagem dos cafés da região para todo o País.
Créditos: Agencia Estadual de Notícias / AENPR
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